Os vencedores do 14º Prêmio MPRO de Jornalismo foram revelados na noite desta quarta-feira (26/11), em cerimônia realizada na sede do Ministério Público, em Porto Velho. Desde 2011, a iniciativa busca homenagear os profissionais da imprensa que contribuem para tornar a sociedade mais justa e plena de direitos por meio da comunicação. Nesta edição, a temática do combate à violência contra mulher predominou entre os finalistas. Das nove produções selecionadas, quatro abordaram o assunto, seguidas por duas sobre meio ambiente, duas sobre crime organizado, uma sobre sonegação fiscal e outra sobre adoção.
Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça Alexandre Jésus de Queiroz Santiago destacou o papel da imprensa na proteção dos direitos e chamou atenção para os índices de violência contra mulheres, incluindo comunicadoras. Ele ressaltou dados divulgados pela Unesco Brasil no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Segundo a organização, 58% das mulheres e meninas enfrentam assédio online.
O Procurador-Geral também citou que uma em cada 4 jornalistas sofre violência na internet. Para muitas profissionais, a violência traz impactos diretos na atividade jornalística: 30% se autocensuram nas redes, 20% deixam de interagir online e 26% relatam prejuízos à saúde mental devido à violência que sofrem. “Quero registrar a minha solidariedade e a solidariedade do Ministério Público do Estado de Rondônia às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência, especialmente às mulheres jornalistas. Estejamos sempre juntos, imprensa e Ministério Público, defendendo o direito das mulheres, das meninas e de todas as pessoas”, afirmou.
A terceira classe do Titanic: reflexões sobre a desigualdade climática
Durante a solenidade, o jornalista Marcos Uchôa ministrou a palestra “A defesa dos direitos da sociedade na Amazônia“, na qual traçou um paralelo entre o naufrágio do navio Titanic e os desastres climáticos atuais. Explicou que, assim como ocorreu no histórico navio, os impactos das tragédias ambientais são desiguais e atingem com mais força as populações em situação de vulnerabilidade. Segundo ele, “as tragédias ambientais tendem a ser um Titanic”, pois os grupos mais pobres têm menos condições de proteção, deslocamento e resposta diante dos efeitos extremos do clima.
O jornalista destacou que, mesmo com os avanços científicos e os alertas sobre a crise climática, a sociedade segue ampliando emissões de gases de efeito estufa. Citou que, nos últimos 30 anos, foi produzido 50% de todo o dióxido de carbono emitido na história da humanidade. Para ele, a situação revela que o planeta já vive um período de urgência semelhante ao enfrentado pelo navio ao encontrar o iceberg: a informação está disponível, mas a reação global ainda é insuficiente.
Guardião da memória rondoniense
Durante a cerimônia, o Procurador-Geral de Justiça entregou uma homenagem ao jornalista Montezuma Cruz, destacando sua relevância para a defesa de direitos, a promoção da cidadania e a proteção do bioma amazônico para as presentes e futuras gerações.
Reconhecido como uma das principais referências na construção da memória jornalística de Rondônia, o profissional consolidou uma escrita técnica e sensível, sempre voltada à escuta das populações locais e à contextualização dos desafios da Amazônia. Seu trabalho contribuiu para formar um registro consistente sobre transformações sociais, econômicas e ambientais do estado.
Em defesa da sociedade
A décima quarta edição do Prêmio MPRO de Jornalismo também homenageou a jornalista Juliane da Silva Bandeira de Oliveira. A profissional foi convidada ao palco em reconhecimento à trajetória marcada pelo compromisso com a informação ética, a apuração responsável e a promoção da cidadania.
Com quase duas décadas dedicadas à comunicação pública, a jornalista construiu uma carreira voltada ao diálogo entre a notícia e a sociedade, fortalecendo a transparência, a defesa de direitos e o respeito à dignidade humana.
Ao receber a placa alusiva à homenagem, agradeceu em nome das equipes que atuam nos bastidores da comunicação. “Eu recebo essa placa em nome de cada designer, de cada operador de som, de cada fotógrafo, de cada jornalista, de cada publicitário e do pessoal do cerimonial. A todos vocês que realizam esse trabalho. Sigamos, cada um na sua área de atuação, em defesa da sociedade”, afirmou.
Vencedores
A partir das reflexões sobre o papel transformador da imprensa, a cerimônia avançou para o anúncio dos trabalhos que, ao longo do ano, registraram realidades diversas, ampliaram debates públicos e contribuíram para fortalecer direitos em Rondônia. A classificação entre os trabalhos é a seguinte:
Cinegrafia
1º lugar: “Adoção e transformação” – Gleiton Felipe Baracho (Rede TV Rondônia/SGC).
2.º lugar: “Ciclo da violência doméstica contra mulher” – Fábio Costa (SICTV).
3.º lugar: “Violência contra mulher – A missão do Ministério Público de Rondônia para romper o silêncio” – Tafarel Sousa Silva (Rondovisão/Bandeirantes).
Webjornalismo
1º lugar: “Sonegação fiscal: o crime que o MPRO enfrenta para garantir direitos na Amazônia” – Ingrid Valerie Abreu Nascimento (Rondoniagora).
2.º lugar: “O desmonte ambiental e a resistência em Rondônia” – Ismael Machado (Amazônia Real).
3.º lugar: “O ano em que o céu de Rondônia voltou a respirar” – Vinicius Canova Pires (Rondônia Dinâmica).
Telejornalismo
1º lugar: “A resposta ao crime organizado: Gaeco/RO liderou operações contra os ataques de janeiro” – Eliane Francisca Alves de Lima (Rondovisão/Bandeirantes).
2º lugar: “Facções em Rondônia: MPRO intensifica ações no combate ao crime organizado, com operações que resultaram em mais de cinquenta prisões e apreensões em 2025” – Jemima Queren Neves de Paula Maurício (TV Norte Rondônia).
3.º lugar: “Ciclo da violência doméstica contra mulher” – Vanessa Mafra (SICTV).
Direito protegido
O Prêmio MPRO de Jornalismo reforça o compromisso da instituição com a valorização da imprensa livre e com o reconhecimento de profissionais que atuam em defesa da verdade e da justiça. O livre acesso à informação é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Como guardião da ordem jurídica e da democracia, o Ministério Público de Rondônia reconhece na imprensa livre uma aliada essencial na defesa dos direitos da população. Ao valorizar o trabalho jornalístico, o MPRO reafirma seu compromisso com a transparência.











