Um vídeo publicado por Wallison de Jesus Lúcio, pai da bebê Isadora, de 9 meses, gerou grande repercussão nas redes sociais ao expor falhas no atendimento do Upa 24h pediátrica de Cacoal.
O caso chamou atenção não apenas pela gravidade dos sintomas da criança, mas principalmente pelo longo intervalo de tempo – de 24 de maio a 23 de junho sem um diagnóstico preciso, o que obrigou a família a recorrer a atendimento particular.
Segundo o pai, os primeiros sinais de que algo estava errado começaram ainda em 22 de maio, quando a filha passou a apresentar sintomas respiratórios. No dia 24/05, ela foi levada ao hospital público, onde foi feito apenas um exame de raio-X e, em seguida, foi liberada. Mesmo após duas novas idas à unidade de saúde, a criança não teve acesso a exames mais completos nem a uma avaliação pediátrica mais aprofundada.
Somente no dia 23 de junho, quase um mês após o início dos sintomas, a família decidiu procurar atendimento particular, quando enfim Isadora foi diagnosticada com sinusite, inflamação no ouvido e acúmulo de catarro no peito. O diagnóstico tardio gerou revolta no pai, que gravou um vídeo de desabafo criticando duramente o atendimento na rede municipal de saúde.
“É inacreditável que minha filha tenha sofrido esse tempo todo. Foram mais de três idas ao hospital e ninguém pediu exames adequados. Se não tivesse levado ao particular, talvez ela ainda estivesse sem diagnóstico”, relatou Wallison.
O vídeo viralizou e causou comoção entre moradores de Cacoal. Em entrevista à imprensa, Wallison pediu desculpas pelo tom emocional usado ao se referir a uma técnica de enfermagem no calor do momento, mas manteve as críticas à falta de estrutura e atenção no atendimento infantil. Ele reforçou que respeita a categoria da enfermagem e destacou que sua própria irmã é da área da saúde.
Apoio de outras mães
Após a repercussão, diversas mães procuraram Wallison, relatando terem vivido situações semelhantes no mesmo hospital. Elas prestaram solidariedade e afirmaram que pretendem buscar apoio jurídico para cobrar melhorias no sistema de saúde pública de Cacoal.
“Recebi mensagens de mães dizendo que passaram pelas mesmas dificuldades. Não sou só eu. Muitas famílias estão sofrendo com esse tipo de descaso”, declarou.
A Secretária Municipal de Saúde, Dayse Bruna Freitas de Santana, respondeu a questionamentos enviados via aplicativo de mensagens.
Segundo Dayse, o Pronto-Socorro Infantil 24h do município conta com um pediatra e quatro médicos clínicos com pós-graduação em pediatria, mas nenhum deles possui título de especialista com registro no Conselho Regional de Medicina (RQE).
Atendimento limitado
A secretária informou que o único pediatra da unidade atua apenas nas internações, ou seja, não realiza consultas ambulatoriais nem triagem de pronto-atendimento, o que levanta preocupações sobre a qualidade e a precisão nos diagnósticos iniciais de crianças que chegam em estado delicado.
“O pediatra acompanha as internações e casos graves, mas não faz ambulatório”, declarou.
A pasta afirma que há plantões médicos em todos os turnos, mas não garantiu que o pediatra esteja disponível em tempo integral (24h por dia, todos os dias), como previsto nas diretrizes federais para unidades de atendimento infantil emergencial.
Situação pode configurar descumprimento de norma federal
De acordo com a Portaria nº 2048/2002 do Ministério da Saúde, unidades que atendem público infantil 24 horas devem garantir a presença de pediatras especialistas em todos os turnos, o que pode não estar sendo cumprido, à luz das informações prestadas.
A ausência de especialistas em pediatria pode ter influenciado diretamente no caso da bebê Isadora, que levou quase um mês para ser diagnosticada corretamente, após consultas frustradas no sistema público e posterior atendimento com um médico particular.
Nota de Esclarecimento
A Prefeitura de Cacoal informa que a saúde materno-infantil do município nunca recebeu tantos investimentos como na atual gestão.
Somente nesta gestão, foram destinados milhões de reais à área, com ações concretas como a reforma completa do Hospital Materno Infantil, a criação do Pronto-Socorro Infantil, 24 horas, garantimos a presença contínua de médicos pediatras e o fortalecimento das equipes técnicas e de enfermagem, que atuam com dedicação e responsabilidade.
No entanto, mesmo diante de todos esses avanços, a atual gestão reafirma seu compromisso com a população e informa que está apurando a denúncia feita pelo senhor Walisson, por meio das redes sociais, sobre possíveis falhas no atendimento.
Ainda que, em alguns momentos, a manifestação tenha sido marcada por palavras desrespeitosas direcionadas aos nossos profissionais, o mérito da denúncia será analisado com seriedade pela administração municipal. O objetivo é identificar eventuais falhas e adotar as medidas necessárias para corrigir e aprimorar, sempre com foco na melhoria constante do atendimento prestado à população.
A Prefeitura de Cacoal seguirá investindo, valorizando os profissionais da saúde e ouvindo a comunidade, com transparência e responsabilidade.
Superintendência de Comunicação Municipal
Defesa dos servidores
O sindicato destacou que a categoria da enfermagem é essencial para o funcionamento do sistema público de saúde, e que os profissionais do município atuam com zelo, competência e profissionalismo, mesmo diante de condições adversas e jornadas exaustivas.
“Não toleraremos qualquer tentativa de desqualificação ou ataque à dignidade dos servidores públicos municipais”, completa a nota.
Fonte:cacoalnoticias
