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Câmara aprova aumento de pena para mineração ilegal em terras indígenas

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A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que aumenta a pena para novas situações enquadradas como mineração ilegal. A pena será aumentada até o triplo se a conduta impactar terras ocupadas por povos indígenas e comunidades tradicionais legalmente constituídas, abrangendo inclusive quem financia, agencia ou contrata a atividade. O texto será enviado ao Senado.

De autoria da ex-deputada Joenia Wapichana (RR) e outros, o Projeto de Lei 2933/22 foi aprovado nesta quarta-feira (5) com substitutivo da relatora, deputada Célia Xakriabá (Psol-MG).

A relatora afirmou que a proposta responde a uma urgência nacional: a necessidade de proteger as terras indígenas, os povos que nelas vivem e o meio ambiente frente à expansão descontrolada da mineração e do garimpo ilegal. “Ao estabelecer medidas mais rigorosas e instrumentos de responsabilização, o projeto busca não apenas coibir práticas criminosas, mas também garantir a preservação da vida, da saúde e da dignidade dos povos originários”, disse Célia Xakriabá.

Segundo o texto, a pena de detenção de seis meses a um ano e multa será aumentada em dobro se o agente, ao realizar a atividade, provocar dano efetivo à integridade física de pessoa em decorrência direta da lavra ou pesquisa mineral irregular, com uso de mercúrio para separar o ouro de aluvião (explorado em rios).

Outra situação a ser incluída na Lei de Crimes Ambientais, com aumento de pena, é quando a atividade provoca degradação ambiental que acarrete perda permanente ou de longo prazo da qualidade dos recursos naturais afetados, conforme critérios do órgão ambiental competente.

A detenção será dobrada ainda se a atividade for realizada com o emprego de máquinas e equipamentos pesados próprios da mineração ou com ameaça ou emprego de arma.

Impacto negativo
Célia Xakriabá lembrou que a mineração em terras indígenas tem raízes na exploração colonial do Brasil, com forte ligação com as mudanças climáticas, o desmatamento, os impactos socioambientais e com o desrespeito aos povos originários e seus modos de vida.

“Além dos impactos diretos pelos metais pesados, também cabe mencionar o reflexo indireto nos territórios tradicionais, com a facilitação de acesso ao álcool e outras drogas, aumento dos casos de violência sexual e risco de ataques armados”, disse a deputada. Ela lembrou também que a contaminação por mercúrio é perigosa para o desenvolvimento fetal e infantil, nos primeiros anos de vida.

De acordo com o relatório Raio-X do Ouro, feito pelo Instituto Escolhas em 2022, mais de 200 toneladas de ouro, quase metade da produção brasileira entre 2015 e 2020, podem ter origem ilegal, revelando falhas na regulação e um complexo encadeamento de crimes.

O coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), afirmou que o projeto traz para a legislação as ações do governo federal de combater a mineração em terras indígenas.

Para o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), não tem como não criminalizar o garimpo que mata, usa mercúrio, contamina rios, mata peixes e pessoas. “Essa matéria mostra que é possível sensibilizar ambos os lados para proteger o meio ambiente, as pessoas, a natureza e olhar para o desenvolvimento sustentável”, declarou.

Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei

 

Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Câmara aprova projeto que cancela diretrizes sobre aborto em crianças e adolescentes vítimas de estupro

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A Câmara dos Deputados aprovou projeto de decreto legislativo (PDL) que susta decisão do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda) sobre acesso de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual ao aborto. O texto ainda precisa ser votado pelo Senado.

De autoria da deputada Chris Tonietto (PL-RJ) e outros, o PDL 3/25 foi aprovado nesta quarta-feira (5) com parecer favorável do relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE). Os autores argumentam que a norma extrapola a atribuição do conselho ao dispensar a apresentação de boletim de ocorrência policial, por exemplo.

A Resolução 258/24 considera que a interrupção da gravidez não dependerá desse boletim, de decisão judicial autorizativa ou da comunicação aos responsáveis legais nos casos em que houver suspeita de violência sexual ocorrida na família.

O texto da resolução prevê que, no caso de divergência entre a vontade da criança e a dos genitores e/ou responsáveis, os profissionais de saúde deverão acionar a Defensoria Pública e o Ministério Público para obter orientações legais sobre os procedimentos a serem seguidos.

Para os autores, esse trecho contraria o Código Penal, que atribui aos pais ou responsáveis a decisão, por causa da incapacidade civil de crianças e adolescentes.

Outro ponto criticado pelos autores é o trecho que considera como conduta discriminatória, e não objeção de consciência, a recusa do médico em realizar a interrupção da gestação por desconfiar da palavra da vítima de violência sexual.

Limite temporal
O relator, deputado Luiz Gastão, fez diversas críticas à resolução do Conanda, entre elas a falta de limite temporal para o aborto. “A resolução não dispõe sobre qualquer limite de tempo para a interrupção da gravidez, o que, na prática, autorizaria a realização de aborto em casos nos quais a gestação está próxima de 40 semanas”, disse.

Gastão explicou que mesmo em países onde o aborto é permitido de forma mais ampla, como França e Reino Unido, há sempre um limite temporal para a prática.

Ele lembrou que, atualmente, com o suporte da UTI neonatal, as chances de um bebê sobreviver aumentam muito a partir das 24 semanas. “Admitir que um órgão do Executivo desconsidere por completo a viabilidade fetal extrauterina e estabeleça a possibilidade de abortos em gestações avançadas, qualquer que seja a causa da gravidez, revela-se incompatível com o Código Penal, além de colidir frontalmente com a vida e a integridade física do nascituro”, argumentou.

A autora do projeto, deputada Chris Tonietto, afirmou que a violência sexual não pode ser combatida com o aborto, que ela classificou como outra violência. “A gente combate com fortalecimento de segurança pública. Sem contar que sequer é exigido o boletim de ocorrência [do estupro]”, disse.

Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Discussão e votação de propostas legislativas. Dep. Chris Tonietto (PL - RJ)
Deputada Chris Tonietto, autora da proposta

Chris Tonietto questionou uma mudança no posicionamento do governo sobre o tema. “Quando a resolução foi votada e aprovada, foi por 15 votos a 13. Sendo que 13 votos foram do governo, contra. O que mudou? Será que foi só para inglês ver?”, questionou.

Ela citou documento do Ministério dos Direitos Humanos confirmando que a minuta de resolução tinha definições restritas a leis. “Isso é o governo respondendo, demonstrando claramente que existe uma usurpação de competência”, disse.

Debate em Plenário
No debate sobre o projeto em Plenário, deputados manifestaram-se a favor e contra sustar a resolução. Para o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o Conanda não tem o direito de legislar sobre aborto.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) disse que a resolução é absurda por viabilizar o aborto sem autorização dos pais, sem exame de corpo de delito, sem boletim de ocorrência ou determinar o tempo de gestação. “O que estamos fazendo aqui é frear a indústria do aborto, a cultura da morte”, afirmou, ao defender o projeto que susta a norma.

Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defendeu a possibilidade de nem sempre o representante legal ter de autorizar o procedimento, por entender que em “uma grande maioria dos casos” o estuprador é o pai biológico ou adotivo ou outro familiar.

Para ela, o debate é ideológico contra o conceito de que o aborto nas hipóteses previstas em lei é um direito. “Quem tem filha não deveria estar questionando isso. Ninguém faz apologia ao aborto”, afirmou.

O secretário da Primeira Infância, Infância, Adolescência e Juventude da Câmara, deputado José Airton Félix Cirilo (PT-CE), criticou a politização do tema a partir de questões morais e conservadorismo. “Temos uma realidade muito cruel no Brasil. No meu estado, uma criança por dia, pelo menos, é estuprada. A resolução busca proteger as crianças vítimas de abusos”, afirmou.

Boletim de ocorrência
A deputada Bia Kicis (PL-DF) ressaltou que, se o boletim de ocorrência é exigido, o estuprador pode ser identificado e punido. “Quando você libera o boletim de ocorrência você está favorecendo o estuprador. Não está defendendo as crianças, mas reforçando o estupro. Temos de olhar com olhos de quem quer enxergar a verdade e as consequências”, declarou.

Porém, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) afirmou que as leis da escuta protegida (Lei 13.431/17) e a do minuto seguinte (Lei 12.845/13) já dispensam o boletim de ocorrência para realização de aborto em caso de estupro e, portanto, a resolução do Conanda não inova.

“É um absurdo obrigar vítimas de violência sexual a carregar essa violência se quiserem acessar o aborto legal, sem boletim de ocorrência, sem revitimização, com garantia da escuta protegida, com garantia do fluxo. Aí eles inviabilizam o fluxo, obrigando que a menina de 10, 11, 12 anos, vai ampliando os tempos da gestação para obrigá-la a ser mãe”, criticou.

Conheça a tramitação de projetos de decreto legislativo

 

Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Edição – Pierre Triboli

Fonte: Agência Câmara de Notícias

BC mantém juros elevados e crédito segue restrito para o agronegócio

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O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano na reunião desta quarta-feira (05.11), o maior patamar dos últimos 20 anos. Segundo especialistas, essa decisão tem pesado especialmente sobre o setor agropecuário, que representa quase um terço da produção nacional.

Com os juros altos, bancos e cooperativas têm reduzido os recursos disponíveis para o custeio das lavouras e para investimentos em máquinas, estrutura e tecnologia. Só na safra 2025/26, o volume de crédito caiu mais de 20% para despesas do dia a dia do campo, e quase 45% para investimentos de longo prazo. O acesso ao dinheiro está mais difícil e caro.

No campo, muitos estão sendo obrigados a renegociar dívidas ou prolongar contratos, esperando que o mercado melhore. Especialistas alertam que prolongar demais esse tipo de operação pode virar uma armadilha: o risco de inadimplência está subindo e já ultrapassa 5% em algumas regiões, trazendo preocupação com a saúde financeira do setor. Quem depende do sistema bancário está mais vulnerável e precisa agir antes que a situação piore.

Além do impacto imediato na safra atual, o crédito caro traz reflexos para os próximos anos, limitando a capacidade do produtor de investir e inovar. Para evitar dores de cabeça, o conselho dos especialistas é: analisar cuidadosamente cada contrato, buscar reestruturação real das dívidas (não apenas alongamento) e pedir apoio profissional para avaliar as melhores opções. Procurar cooperativas ou linhas de crédito com juros mais moderados pode fazer diferença.

A mensagem central é de cautela e atenção às finanças. A estabilidade do agro depende de planejamento, conhecimento dos custos e alinhamento das decisões ao cenário de juros altos e crédito restrito. Ficar atento agora é o melhor caminho para atravessar essa fase com o negócio em ordem e evitar problemas maiores na frente.

 

 

Pensar Agro

PRF em Rondônia apreendeu 67 pedras preciosas em veículo de passeio

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Três pessoas foram presas
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A Polícia Rodoviária Federal em Rondônia apreendeu 67 pedras preciosas, nesta terça-feira (4), durante patrulhamento na BR 429, km 50, em Alvorada d`Oeste. A ação ocorreu após a equipe avistar um veículo de passeio entrando em um posto de combustível, com a intenção de evitar a fiscalização policial.

Diante do comportamento suspeito do motorista e do mau estado de conservação que o veículo ostentava, os agentes procederam à abordagem. Ao realizar o emprego de técnicas de entrevista, observou-se um nervosismo acentuado e contradições nas versões apresentadas pelos ocupantes. Iniciou-se então, a busca veicular detalhada, onde foi encontrada, dentro de uma caixa de papelão uma pedra bruta, aparentemente preciosa.

Aprofundaram-se as averiguações e foram localizadas dentro de um utensílio doméstico, mais 66 pedras:  03 Rubis vermelhos, 02 Rubis pequenos, 05 Ametistas, 05 Esmeraldas, 02 diamantes amarelo, 01 Pedra bruta Rubi roxa, 01 Tanzanita azul, 04 Turmalina ou rubelita rosa, 03 Safiras azuis, 25 Citrinos amarelos,  12 Pedras pequenas não identificadas, 04 Pedras grandes não identificadas.

O veículo, que apresentava mau estado de conservação, foi removido para o pátio da PRF. Os detidos e o material apreendido foram encaminhados à Delegacia da Polícia Federal de Ji-Paraná para a perícia das pedras e demais procedimentos cabíveis.

 

Justiça e Segurança/PRF

PF, FUNAI e IBAMA realizam ação conjunta de prevenção a crimes ambientais na Terra Indígena Igarapé Ribeirão

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Operação teve como objetivo prevenir e reprimir desmatamentos ilegais e tentativas de ocupação irregular na área protegida

 A Polícia Federal, em conjunto com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), realizou, nesta quarta-feira (5/11), uma ação ostensiva na Terra Indígena Igarapé Ribeirão, localizada nos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, em Rondônia.

A operação teve como objetivo prevenir e reprimir crimes ambientais, especialmente desmatamentos ilegais e tentativas de ocupação irregular na área protegida.

Durante a ação, foi identificado e inutilizado um trator utilizado na prática de desmatamento criminoso dentro da Terra Indígena.

Comunicação Social da Polícia Federal em Rondônia

Usucapião: novidade da Corregedoria traz mais segurança e padronização aos serviços de cartórios

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A Corregedoria Geral da Justiça de Rondônia (CGJ-RO) dá mais um passo na organização dos serviços cartoriais com a publicação do Provimento n. 27/2025, que normatiza o procedimento da usucapião extrajudicial nos serviços notariais e de registro de imóveis do Estado. O documento assinado pelo corregedor-geral da Justiça, desembargador Gilberto Barbosa, foi publicado no Diário Oficial da Justiça desta quinta-feira, 6, e já está em vigor.

A usucapião é um processo que permite que alguém que ocupa um imóvel possa se tornar dono legal dessa propriedade. Ela pode ocorrer de forma judicial ou extrajudicial. Nesse segundo caso, o cidadão pode regularizar imóveis diretamente nos cartórios, desde que sejam preenchidos todos os requisitos legais.

A agilidade na regularização das propriedades não deixa de lado a segurança jurídica, já que o Provimento estabelece fluxos e prazos detalhados para todas as etapas do procedimento extrajudicial, que começa no tabelionato de notas, com a lavratura da ata notarial, e encerra no registro de imóveis.

Com a regulamentação, as regras padronizadas e prazos definidos garantem tramitação uniforme para todos os cidadãos rondonienses. Atualmente, todos os tabelionatos de notas e os registros de imóveis de Rondônia já podem realizar o procedimento.

A elaboração do fluxo contou com diálogo entre o Judiciário Rondoniense, por meio do Departamento Extrajudicial (Depex) e Núcleo de Regularização Fundiária da Corregedoria, sob coordenação do juiz Marcelo Tramontini; a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Rondônia (OAB-RO); Notários Registradores de Imóveis. Durante a construção do ato, todos os profissionais puderam opinar e apresentar melhorias, observada a legalidade. E, a partir de agora, o procedimento segue sendo acompanhado pelos usuários, advogados, defensores públicos e será fiscalizado pela Corregedoria por meio das correições ordinárias.

Para mais informações sobre como iniciar o procedimento da usucapião extrajudicial, basta procurar o cartório de notas ou de registro de imóveis do seu município.

Confira alguns pontos do provimento:

  • A ata notarial de reconhecimento de usucapião extrajudicial será lavrada no tabelionato de notas do Município em que estiver localizado o imóvel usucapiendo, mediante pedido do(a) interessado(a) ou por advogado(a) munido(a) de procuração; no caso do requerimento de reconhecimento da usucapião extrajudicial também pode ser assinado por defensor(a) público(a) constituído(a).
  • Abrangendo a área do imóvel mais de um Município, será competente o tabelionato de notas em que estiver localizada a maior parte.
  • O(a) tabelião(ã) deverá analisar a documentação apresentada em até 10 (dez) dias úteis, contados da formalização do pedido.
  • É vedado o registro de usucapião extrajudicial de imóvel rural que não possua matrícula ou transcrição.

Assessoria de Comunicação Institucional

Operação Tarrafa: MPF apresenta quinta denúncia por fraude de R$ 318 milhões no seguro-defeso de pescadores

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Organização usava hackers, certificados falsos e máquinas virtuais para processar requerimentos fraudulentos em escala industrial

Figura de um hacker de capuz escuro e luvas, com o rosto na sombra, digitando em um laptop, sobreposto por códigos e dados digitais, incluindo uma impressão digital.

Imagem ilustrativa: freepik.com

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça Federal, nesta quarta-feira (5), a quinta denúncia referente à Operação Tarrafa, que desarticulou uma organização criminosa responsável por fraudar o programa de Seguro-Defeso do Pescador Artesanal. As denúncias vêm sendo apresentadas desde agosto de 2024 e, no total, 80 pessoas foram denunciadas, sendo que três delas respondem a mais de uma denúncia.

A organização causou prejuízo de pelo menos R$ 318,4 milhões aos cofres públicos, resultante do pagamento de no mínimo 110.960 requerimentos fraudulentos entre 2020 e 2021. A investigação revelou uma operação criminosa compartimentada em núcleos especializados, que combinava sofisticação tecnológica com corrupção de agentes públicos e lideranças de entidades representativas de pescadores.

As denúncias apontam que ficou comprovada a ocorrência de crimes como os de estelionato, participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em sistema de informações, além de falsificação de documento público, uso de documento falso e corrupção.

Modo de atuação – O grupo utilizava técnicas de hacking (ação de obter acesso não autorizado a um dispositivo digital, sistema de computador ou rede de computadores por meio de meios não convencionais ou ilícitos) para capturar credenciais de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e outros órgãos governamentais.

Foram criados sites falsos que imitavam portais oficiais, como um que simulava o site da Diretoria de Atendimento do INSS e outro que imitava o Sistema de Registro de Pescador. Um gerente do INSS foi identificado como criador de vários desses sites fraudulentos.

Uma célula especializada da organização obtinha certificados digitais fraudulentos em nome de servidores públicos. O processo envolvia a criação de documentos de identidade falsos e o aliciamento de “laranjas” que se apresentavam nas Autoridades de Registro com a conivência de uma agente e de um sócio de uma Autoridade de Registro.

De posse das credenciais roubadas, os operadores utilizavam máquinas virtuais contratadas de provedores de computação em nuvem para inserir massivamente os requerimentos fraudulentos. Apenas oito máquinas virtuais foram responsáveis por mais de 64 mil requerimentos, que resultaram em pagamentos de R$ 174,3 milhões.

Exploração de falhas no sistema – O grupo explorou vulnerabilidades críticas no sistema que permitiam o pagamento de múltiplos benefícios para a mesma pessoa em períodos concomitantes, simplesmente alterando a bacia hidrográfica informada no requerimento.

Um caso emblemático é o de um beneficiário de Soure (PA) que recebeu seis pagamentos em 2020 para períodos sobrepostos, cada um associado a uma bacia hidrográfica diferente, totalizando mais de R$ 25 mil.

As credenciais de apenas dois servidores foram utilizadas para processar mais de 31 mil requerimentos fraudulentos, resultando em pagamentos superiores a R$ 100 milhões.

Lideranças e agentes públicos – O esquema contava com a participação ativa de presidentes e representantes de sindicatos e colônias de pescadores, que arregimentavam beneficiários e inseriam requerimentos fraudulentos. Muitas das pessoas cadastradas nem sequer eram pescadoras.

Em um depoimento, uma beneficiária cooptada admitiu a fraude. “A declarante recebeu a quantia aproximada de R$ 4 mil relacionada a seguro defeso, tendo devolvido a quantia de R$ 2,5 mil a um intermediário”, confessando não ser pescadora.

A organização também corrompeu o processo de emissão do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP). Foi identificado um esquema no qual uma integrante de colônia de pescadores pagava propina a um vereador, que repassava os pedidos a uma servidora da Divisão de Pesca do Ministério da Agricultura e Pecuária. Essa servidora utilizava suas credenciais para deferir 171 registros fraudulentos, com datas retroativas, ao custo de R$ 150 por registro.

Lavagem de dinheiro – Os lucros ilícitos eram lavados por meio de uma complexa rede que incluía contas bancárias de familiares e “laranjas”, empresas de fachada nos setores de terraplanagem e eventos, e aquisição de bens de alto valor, como fazendas, veículos de luxo e um posto de combustível.

Uma empresa de terraplanagem movimentou quase R$ 15 milhões, servindo como principal canal para distribuição de valores entre os membros do grupo. Outra empresa, do setor de shows e eventos, recebeu quase R$ 3 milhões da primeira. Em áudio captado pela investigação, um dos gestores financeiros do esquema orientava sobre o registro do dinheiro das vendas dos ingressos dos show para “limpar” os valores perante a Receita Federal.

Núcleos da organização – A estrutura criminosa era composta por três núcleos principais. Havia o núcleo de operadores e hackers, responsável pela parte tecnológica, incluindo o operador principal e o hacker principal, ambos de Redenção (PA), além de um hacker parceiro atuando a partir de Goiás. O hacker principal possuía dados de mais de 2,2 mil servidores.

O núcleo de gestão financeira, composto majoritariamente por familiares dos operadores, era responsável pela lavagem de dinheiro. A companheira do operador principal movimentou mais de R$ 5,2 milhões em suas contas.

Já o núcleo de intermediários e arregimentadores atuava na ponta do esquema, cooptando beneficiários e lideranças locais, incluindo presidentes de colônias e sindicatos de pescadores, além de agentes públicos corruptos.

Investigação também no Maranhão – Em um dos inquéritos policiais do caso, o MPF considerou que as condutas criminosas devem ser investigadas pela Superintendência da Polícia Federal (PF) do Maranhão.

Sobre a operação – Batizada de Operação Tarrafa, a operação que desarticulou a organização criminosa foi realizada em 17 de março de 2022, com o objetivo de cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 35 mandados de prisão preventiva. As ações ocorreram em 12 estados: Pará, Maranhão, São Paulo, Ceará, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins e Piauí.

Foram deferidas, pela Justiça Federal, medidas de busca e apreensão contra 36 servidores do INSS. Outros seis servidores da Secretaria de Aquicultura e Pesca, lotados no Pará, foram afastados por decisão judicial naquela data.

As investigações foram iniciadas em 2020, quando foi constituído Grupo de Trabalho envolvendo a PF, a Secretaria da Pesca do Ministério da Agricultura e Pecuária, o INSS, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, a Caixa Econômica Federal e a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev).

 

*Com informações da PF

COP30: MPF segue na linha de frente em uma década de luta por justiça e reparação do desastre de Mariana (MG)

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Do rompimento da barragem de Fundão à busca por um acordo justo, atuação busca garantir direitos e recuperar a Bacia do Rio Doce

Foto casas destruídas pela lama da barragem

Foto: Agência Brasil

Às 16h20 do dia 5 de novembro de 2015, uma onda de lama e rejeitos de minério irrompeu sobre o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), após o rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco e controlada pela Vale e BHP Billiton. A tragédia deixou 19 mortos, destruiu comunidades inteiras e provocou danos ambientais sem precedentes, afetando mais de 650 km da bacia do Rio Doce, em Minas Gerais e no Espírito Santo.

O maior rompimento de barragem de rejeitos do mundo e o maior desastre ambiental da mineração no país completa, hoje, 10 anos. A triste data, às vésperas da COP30, deixou um impacto socioambiental e ecológico vasto e duradouro.

Desde as primeiras horas após o acidente, o Ministério Público Federal (MPF) e outras instituições de Justiça se mobilizaram para conter os danos imediatos e, posteriormente, garantir reparação integral e responsabilizar criminalmente os culpados.

O caso se transformou em um processo jurídico e técnico complexo, que atravessa quase uma década e, assim como Brumadinho, traz lições valiosas para debates globais sobre justiça socioambiental e responsabilidade corporativa — temas que estarão no centro das discussões da COP30.

Resposta imediata

Nos primeiros dias após o rompimento, o MPF criou uma força-tarefa para investigar causas e responsabilidades. Em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), entrou com uma ação na Justiça para bloquear R$1 bilhão das mineradoras, assegurando medidas emergenciais de socorro, assistência e reparação.

Também recomendou que a Samarco identificasse e prestasse assistência a todas as pessoas atingidas, garantindo moradia, alimentação e apoio psicológico.

Na esfera criminal, o MPF ofereceu denúncia contra 26 acusados, incluindo executivos da Samarco, Vale e BHP Billiton, por homicídio qualificado, inundação e crimes ambientais.

Apesar de a Justiça ter absolvido os réus sete anos depois, o MPF recorreu da decisão, reafirmando o compromisso com a responsabilização. Paralelamente, iniciou investigações para apurar a atuação da Agência Nacional de Mineração (ANM) na fiscalização da barragem.

O desafio dos acordos e a defesa dos atingidos -

foto mostra povoado devastado pela lama
Romerito Pontes I CC BY 2.0

A reparação dos danos causados à Mariana foi marcada por intensas disputas em torno de acordos judiciais. Em 2016, um pacto de R$ 20 bilhões entre as empresas e os governos federal e estaduais (MG/ES) criou a Fundação Renova para gerir ações de reparação.

O MPF e outras instituições de Justiça contestaram o acordo, apontando a ausência de participação efetiva das comunidades atingidas, e obtiveram no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) a suspensão do documento.

Em 2018, foi firmado um acordo preliminar de R$2,2 bilhões, com foco na elaboração de diagnósticos socioeconômicos e na criação de grupos de trabalho com a presença dos atingidos. Nesse período, o MPF realizou audiências públicas para apurar denúncias de racismo e assédio moral praticados por agentes da Fundação Renova.

Outro ponto de forte atuação foi a defesa de uma reparação mais ampla e abrangente. Em 2021, o MPF pediu que o pagamento das indenizações fosse estendido a todos os atingidos da Bacia do Rio Doce, não apenas a grupos restritos. Também atuou para garantir a retomada do auxílio financeiro emergencial, que chegou a ser suspenso ou reduzido pela Renova em diferentes momentos. A Justiça Federal, após pedidos do MPF, determinou que o pagamento do auxílio fosse estendido e que as mineradoras e a Fundação Renova cumprissem as decisões.

Repactuação histórica

Em outubro de 2024, após quase uma década de negociações e disputas judiciais, foi firmado o novo Acordo de Mariana, destinando R$ 170 bilhões a ações de reparação social, ambiental e econômica na Bacia do Rio Doce. Do total, R$ 100 bilhões representam recursos novos, a serem pagos ao longo de 20 anos, voltados a programas de saúde, saneamento, retomada econômica, combate a enchentes, apoio a povos e comunidades tradicionais, incentivo à pesca e políticas para mulheres atingidas, além de obras de infraestrutura como a duplicação da BR-356 e da BR-262.

O pacto também prevê a extinção da Fundação Renova, transferindo a execução das ações de reparação para a Samarco, União e governos estaduais, e o reconhecimento de 49 municípios — mineiros e capixabas — como diretamente impactados.

repactuação O MPF participou ativamente de todas as mesas de negociação e segue acompanhando de perto a execução do acordo, com visitas a comunidades, reuniões presenciais e virtuais, esclarecimento de dúvidas sobre cláusulas específicas e atuação direta sempre que necessário para proteger direitos e corrigir distorções. Procuradores da República continuam dialogando com lideranças locais, cobrando cumprimento de prazos, fiscalizando reassentamentos, obras e programas, e garantindo que cada medida prevista no acordo avance com transparência e efetividade.

Entre avanços recentes, destaca-se o acordo coletivo para reconstrução da comunidade de Gesteira, em Minas Gerais, que garante protagonismo aos próprios atingidos no planejamento das obras. O MPF também intensificou a fiscalização da contratação de assessorias técnicas independentes, garantindo que as comunidades tenham apoio especializado para defender seus direitos.

Um ano após a repactuação, já foram notados avanços importantes. Entre os principais, destacam-se obras, investimentos e ações estruturantes em diferentes áreas.

Na infraestrutura, a duplicação da BR-356, entre Ouro Preto e Mariana, representa um marco, com R$ 1,7 bilhão em investimentos. Somam-se a isso a recuperação de rodovias regionais e a entrega de máquinas a diversos municípios, iniciativas que fortalecem e modernizam a malha viária da região.

No eixo de saneamento, foi lançado um programa que prevê R$ 7,54 bilhões em recursos para universalizar o acesso à água potável e ao esgoto tratado em 200 cidades da bacia do Rio Doce. Também foi criado um fundo perpétuo de R$ 750 milhões, voltado a ações de prevenção a enchentes e limpeza urbana, garantindo maior segurança e qualidade de vida à população.

Para o MPF, uma das ações mais importantes é a ampliação da participação social. Em cerimônia, realizada no último dia 22, que celebrou um ano do acordo, foi instaurada a Instância Mineira de Participação Social do Rio Doce (IMPS/Doce), que reúne representantes do poder público e das comunidades atingidas pela tragédia de Mariana. O intuito é estimular a participação popular nos debates sobre o acordo.

“É fundamental que essas pessoas que sofreram o dano na pele estejam junto com os estados, com as instituições de Justiça, sabendo o que está sendo feito, fiscalizando o que está sendo feito e também opinando e orientando nas melhores ações de reparação ao longo dessas duas décadas que teremos de execução do acordo”.

Eduardo Henrique de Almeida Aguiar, procurador da República em MG

A IMPS/Doce irá fiscalizar a aplicação dos recursos e orientar sobre as melhores ações de reparação ao longo dos 20 anos de vigência do acordo. Ela será composta por 20 integrantes, sendo a maioria (14) formada por representantes das comunidades atingidas, e 6 por membros do poder público.

Mais detalhes sobre o primeiro ano do novo acordo pode ser acessado aqui.  Cartilha apresenta ações conduzidas pelo estado de Minas Gerais e pelas Instituições de Justiça compromitentes, entre elas, o Ministério Público Federal.

Desafios permanentes e lições globais

A atuação do MPF no caso Mariana reúne elementos centrais de um processo de reparação complexo: responsabilização criminal, anulação de acordos prejudiciais, garantia de participação popular e cobrança por medidas estruturais.

Apesar de avanços, a reparação está longe de ser concluída. O prazo de adesão ao programa de indenização foi prorrogado, e a pressão pela execução de medidas ambientais e socioeconômicas segue intensa. Para o MPF, o caso reforça a importância de um modelo de governança participativo, capaz de responder a desastres de grande escala sem repetir erros.

A experiência de Mariana, somada à de Brumadinho, evidencia que tragédias dessa magnitude não são eventos isolados, mas parte de um desafio global.

infográfico caso mariana

Contagem regressiva – Até o dia 9 de novembro, véspera do início da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, no Pará, serão publicadas 50 matérias sobre a atuação do Ministério Público Federal na proteção do meio ambiente, das populações mais vulneráveis e dos direitos humanos. A ação de comunicação faz parte da campanha MPF: Guardião do Futuro, Protetor de Direitos.

Acompanhe a contagem regressiva diariamente, no nosso site!

Acesse o site MPF na COP30


*Reportagem: Comunicação/MPF/MG

Brasil avança em negociações com a União Europeia e retoma sistema de pre-listing para comercialização de ovos

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Bloco europeu também realizará auditoria para pescados brasileiros
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Em meio às reuniões da 23ª Conferência de Ministros da Agricultura das Américas, nesta terça-feira (4), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou importantes conquistas para o agro brasileiro: a União Europeia informou sobre a retomada do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária brasileira, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de ovos.

Além disso, as autoridades europeias indicaram a intenção de realizar uma auditoria no sistema brasileiro de pescados em meados de 2026.

De acordo com o ministro, com a confirmação do pre-listing, todos os estabelecimentos brasileiros produtores de ovos que cumprirem os requisitos sanitários estarão aptos a exportar para os países da União Europeia.

O pre-listing é um sistema pelo qual o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) atesta e indica os estabelecimentos brasileiros que cumprem os requisitos sanitários exigidos pela União Europeia.

“Outra boa notícia é a confirmação de auditoria para pescados no começo do ano que vem, que poderá abrir o mercado brasileiro na Europa”, destacou o ministro.

No fim de outubro, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa se reuniu com o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, em São Paulo, quando foram discutidos esses temas e a retomada do sistema de pre-listing para as carnes de aves brasileiras, o que deve ser oficializado dentro de um mês, junto com o pre-listing para ovos.

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Em visita institucional, MPRO leva cumprimentos a desembargador eleito à Presidência do TJRO e a decano que se despede da Corte

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Em visita institucional ao Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), nesta quarta-feira (5/11), o procurador-geral de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, levou os cumprimentos do Ministério Público de Rondônia (MPRO) ao desembargador Alexandre Miguel, eleito presidente da Corte para o biênio 2026-2027, e ao desembargador Roosevelt Queiroz Costa, decano que se despede da carreira ainda este mês.

O chefe do MPRO esteve com os magistrados, acompanhado da chefe de gabinete da Procuradoria-Geral, Promotora de Justiça Flávia Barbosa Shimizu Mazzini, para emitir a mensagem de reconhecimento e apreço da instituição.

O procurador-geral parabenizou o desembargador Alexandre Miguel pela assunção ao cargo, destacando sua bem-sucedida carreira no Poder Judiciário rondoniense e colocando o Ministério Público à disposição para a renovação de parcerias e cooperações que, mutuamente, fortalecem a missão dos órgãos na prestação de serviços à sociedade do Estado.

O presidente eleito agradeceu o gesto, reforçando o convite para a cerimônia posse, prevista para dezembro deste ano.

Decano

No encontro com o desembargador Roosevelt Queiroz, Alexandre Jésus agradeceu ao decano pelo legado deixado ao Poder Judiciário e às demais instituições locais, sublinhando o imenso respeito e consideração de que goza o magistrado por parte dos membros do MPRO. “Vossa Excelência tem uma trajetória honrada. Inspira-nos vê-lo exercendo sua vocação até os últimos dias da carreira. O senhor ama o que faz, faz por amor e isso nos fortalece”, afirmou.

Recordando sua aprovação no primeiro concurso do MPRO, o desembargador falou dos laços que o ligam à instituição, ressaltando a importância do espírito de cooperação e harmonia entre TJ e MP para o atendimento dos anseios da sociedade. “Isso nos faz lembrar que a Justiça se constrói de forma plural, com a participação de todos os que integram o sistema Justiça”, disse.

Em ambas ocasiões, o Procurador-Geral fez a entrega do souvenir institucional, uma réplica em miniatura da locomotiva 18, desejando votos de sucesso e realizações nas novas etapas que se iniciarão em breve.

Gerência de Comunicação Integrada (GCI)