O quanto a Covid-19 afeta a circulação sanguínea?

Médico, fisioterapeuta e profissional de educação física explicam como devemos voltar às atividades físicas e em que intensidade

O quanto a Covid-19 afeta a nossa circulação sanguínea, a ponto de dificultar nossa mobilidade e o retorno às atividades físicas? A infecção pelo SARS-CoV-2 pode causar um processo inflamatório muito exacerbado devido à chamada “tempestade de citocinas”. Citocinas são proteínas que regulam a resposta imunológica, ou seja, o corpo humano tenta se proteger do “invasor” e libera diversos mecanismos de defesa que, por sua vez, podem acabar causando uma síndrome inflamatória. Essa inflamação, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio (SBACV-RJ), o médico João Sahagoff, pode resultar em uma trombose da microcirculação, o que ocasiona uma piora não somente nos pulmões, mas também no fígado, coração, rins e até nas extremidades mais distais do corpo, como mãos e pés.

Existem vários trabalhos relacionando o aumento das proteínas inflamatórias à inflamação intravascular. Essa microtrombose faz com o que o paciente piore como um todo, especialmente os rins e o pulmão. Como esses vasos também já estão contraídos por conta do mecanismo de defesa e do aumento das citocinas, quanto menores ficam, mais suscetíveis eles estão para formar coágulos – explica.

Segundo o médico, a Covid-19 é uma doença inflamatória trombogênica, na qual a resposta do nosso próprio organismo pode piorar a situação clínica do paciente. Normalmente, isso ocorre nos casos moderados e graves. Há que se ponderar, entretanto, individualmente os riscos trombótico e hemorrágico, uma vez que o tratamento tem que ser indicado e conduzido por um médico. O uso de anticoagulante, sem prescrição médica, pode gerar complicações graves.

  • A trombose venosa profunda pode ser identificada a partir de:

 

  1. “Edema súbito” (inchaço) de um dos membros inferiores;
  2. Dor aguda súbita na panturrilha;
  3. Discreto aumento de temperatura.

 

  • Já a trombose arterial pode ser identificada por:
  1. Dedos arroxeados;
  2. Dor súbita nos pés;
  3. Intensa diminuição de temperatura num membro inferior;
  4. Sensação de anestesia da perna.

 

 O objetivo principal do tratamento da trombose venosa é evitar a embolia pulmonar, o prolongamento da trombose na perna e também a retrombose e suas sequelas nas pernas. A medicação mais utilizada para este fim são os anticoagulantes. Contudo, são necessários exames de sangue periódicos mensais para se saber se estão efetivos. A intensidade da dor, a localização e a extensão do trombo influenciam o médico na escolha para realizar o tratamento ambulatorial ou hospitalar. Em situações mais graves, outros métodos de tratamento podem se fazer necessários – explica Sahagoff.

Na maioria dos casos, a trombose é tratada por um mínimo de três a seis meses, mas estudos mais recentes têm mostrado vantagens para estender o tratamento por mais de um ano. Para pacientes que tiveram a trombose mais de uma vez, o tratamento deve ser mais prolongado e, dependendo do diagnóstico e da gravidade dos eventos, a anticoagulação pode ser até perene, ou seja, usada indefinidamente, podendo ser uma opção por toda a vida. O papel da tromboprofilaxia para pacientes com Covid-19 leve, porém com múltiplas comorbidades, ou ainda para indivíduos sem Covid-19 porém menos ativos devido à quarentena, ainda é incerto.

  • A orientação do médico para prevenção é que a população se mantenha ativa, o máximo possível, em casa:
  1. Fazer algum tipo de exercício ou caminhada regular, mesmo que em casa. Já é mais do que sabido que passar muitas horas sentado, em comportamento sedentário, predispõe para a trombose;
  2. Beber bastante água (principalmente agora no calor);
  3. Ingerir alimentos leves com moderação para evitar ganho de peso.

 

GE
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