A cidade de Mâncio Lima (618 km da capital, Rio Branco), no extremo oeste do Acre, deu um passo decisivo rumo à transformação da produção rural ao inaugurar, neste sábado (28.06), o maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte. A iniciativa representa um marco para o cooperativismo e para a industrialização da Amazônia, com foco na agregação de valor, geração de renda e desenvolvimento sustentável.
O novo parque industrial foi viabilizado por meio de parceria entre o governo federal, via Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé). O investimento total de R$ 10 milhões permitirá o processamento anual de até 20 mil sacas, abrangendo etapas como beneficiamento, rebeneficiamento, padronização e embalagem dos grãos, o que abre portas para a inserção em mercados de maior exigência e retorno financeiro.
Com estrutura moderna e foco em sustentabilidade, a unidade industrial funciona com energia solar, reutilização de água da chuva e lenha certificada, operando exclusivamente em áreas em processo de recuperação ambiental. A medida busca não apenas industrializar a produção, mas fazê-lo respeitando as especificidades e fragilidades ecológicas do bioma amazônico.
Mais de 180 famílias cooperadas estão diretamente envolvidas na cadeia produtiva. O modelo adotado permite que o pequeno produtor entregue sua safra à cooperativa e receba de volta um produto finalizado e pronto para o comércio — um salto importante na autonomia econômica desses agricultores, que tradicionalmente comercializavam café cru e com menor valor agregado.
O impacto local é visível. A renda média dos produtores da região teve crescimento expressivo no último ano, e a arrecadação do município também avançou, indicando que a industrialização do café tem se traduzido em dinamismo econômico real. A expectativa é que, com o aumento da produtividade e a consolidação do mercado, o parque movimente até R$ 40 milhões por safra nos próximos anos, podendo dobrar a receita pública de Mâncio Lima até 2026.
O empreendimento integra o programa Café Amazônia Sustentável e reforça o papel do Acre na produção de café robusta na Região Norte, atrás apenas de Rondônia. A nova estrutura também permite o processamento de cafés especiais, ampliando as possibilidades de diversificação e valorização da produção local.
Com essa iniciativa, o Acre avança na construção de um modelo produtivo que alia tecnologia, inclusão social, conservação ambiental e fortalecimento da economia regional — colocando a agricultura familiar no centro da estratégia de desenvolvimento sustentável da Amazônia.
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