O Ministério Público de Rondônia (MPRO) e a Rede Lilás estiveram reunidos com representantes de veículos de comunicação nesta sexta-feira (19/12) para discutir revitimização e reflexos jurídicos e processuais decorrentes da cobertura jornalística sobre violência contra a mulher no Estado. A atividade marcou o início de um processo de diálogo, pautado no respeito à liberdade de imprensa, visando firmar uma cooperação permanente que promova a cultura de uma abordagem noticiosa sensível, voltada para a conscientização social.
A reunião, realizada na sede da instituição, em Porto Velho, foi conduzida pela Promotora de Justiça do Tribunal do Júri – Feminicídio, Joice Gushy Mota Azevedo, e teve a presença da coordenadora da Rede Lilás, advogada Rosemar Francelino, além de dirigentes e diretores de Jornalismo de sites e redes de televisão.
Ao abrir a reunião, a integrante do MPRO falou do papel fundamental da imprensa como instrumento de transformação, destacando a importância do trabalho independente dos meios para o fortalecimento de uma sociedade democrática e plural. Nesse sentido, sublinhou que a iniciativa do MP em discutir o tratamento editorial na cobertura jornalística de casos de violência doméstica leva em consideração o irrestrito respeito à autonomia e à liberdade da imprensa, sendo uma ação que tem como objetivo a proteção de direitos fundamentais das vítimas desse tipo de crime.
Joice Gushy discorreu aos jornalistas sobre a dinâmica do Tribunal do Júri, explicando que a produção noticiosa dos veículos é, por vezes, utilizada como meio de prova pelas partes durante os julgamentos. Nesse contexto, a promotora de Justiça destacou a importância de se refletir sobre padrões e abordagens que incidem em revitimização e violência de gênero.
“Nós precisamos estreitar relações para construirmos juntos o aprimoramento na forma como a violência de gênero vem sendo veiculada. Sabemos da enorme responsabilidade social dos meios de comunicação do Estado, mas, infelizmente, ainda há vícios decorrentes da cultura arraigada de machismo e um viés de misoginia, que ainda ecoa em algumas notícias. Estamos certos de que, com a colaboração todos, superaremos essas dificuldades”, disse.
Como parte da atividade, a coordenadora da Rede Lilás, Rosemar Francelino, fez uma apresentação denominada “A influência da narrativa da imprensa nos casos de violência contra a mulher”, abordando o papel dos meios de comunicação no processo de percepção pública sobre esse tipo de crime e as formas de garantir maior proteção dos direitos das vítimas.
A advogada endossou a relevância da imprensa como ator social no processo de combate ao fenômeno da violência de gênero, promovendo educação e consciência coletiva. “Violência contra mulher é um problema complexo que exige soluções multidisciplinares. A imprensa é instrumento para garantir transformação e evitar a opressão”.
Veículos – Os dirigentes e diretores presentes ressaltaram o caráter histórico da reunião, elogiando a iniciativa e ressaltando a urgência que envolve o assunto, uma pauta com a qual lidam diariamente, com compromisso e responsabilidade.
Os representantes apresentaram ao MP as demandas do jornalismo local afetas à cobertura do tema, fazendo proposições para a melhoria e aperfeiçoamento do trabalho que se destina à proteção social e responsabilização de agressores.
“Parabenizo o Ministério Público pela iniciativa histórica em promover a reflexão junto à classe jornalística”, disse o jornalista Rubens Coutinho.
Propostas – Como resultado do encontro, foram definidos como encaminhamentos a produção de uma cartilha sobre o tema, a ser desenvolvida por meio de cooperação entre MP, Rede Lilás e veículos; a realização de capacitação para a classe jornalística; o estreitamento do diálogo entre MP e imprensa, visando uma abordagem pedagógica e educativa sobre violência doméstica e, ainda, a promoção de visitas de promotores da área às redações para conversas centradas no assunto.
“Estamos felizes e gratos pela ampla participação dos veículos de comunicação. Sabemos que, se não houver união e receptividade, os objetivos do Ministério Público e da imprensa não serão alcançados. Hoje trilhamos o início de uma solução que beneficiará toda a sociedade”, disse a promotora.
Estiveram presentes à reunião os dirigentes e jornalistas Paulo Andreoli (Rondônia ao Vivo); Carlos Araújo (Expressão Rondônia); Quetila Ruiz e Aurelianio Rodrigues de Nascimento (SIC TV); Waarlen Watanabe e Israel Brito (SBT); Ana Paula Galvão (Rede Amazônica); Luiz Carlos Ribeiro (Gente de Opinião); Rubens Coutinho (Tudo Rondônia); Welmer Graças de Souza Bueno (Na Hora Online); Thales Buzat (Parecis FM, Diário da Amazônia, TV cultura, SGC, Rede TV); Ismael Cordeiro (Rondovisão – TV Band, Massa FM); Fabiano Coutinho (News Rondônia) e Lena Mendonça (Band).











