Ferrovia do Arco Norte terá 933 km, 65 pontes e evitará área indígena

Imagem: reprodução

Um projeto atualizado da Ferrogrão, ferrovia de 933 km entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), com um novo traçado, passando por fora de terras indígenas e do Parque Nacional do Jamanxim, prevê a construção de 65 pontes ferroviárias e pode ser concluído em até 10 anos, se os prazos forem cumpridos. A informação foi confirmada nesta terça-feira (23.07) em Sinop, durante apresentação feita pelo empresário Guilherme Quintela, presidente da empresa Estação da Luz, idealizadora do projeto.

Segundo Quintela, o Ministério dos Transportes já articula a emissão da licença ambiental, última etapa antes da publicação do edital de concessão pelo governo federal. A previsão é que a licitação ocorra até março de 2026, e as obras comecem no mesmo ano, com expectativa de entrega em 2035.

O novo estudo de viabilidade técnica, detalhado em evento com empresários e autoridades locais, aponta que a Ferrogrão seguirá ao longo da BR-163, sem túneis ou necessidade de realocação de comunidades. Além das 65 pontes (que somam 81 km), estão previstos ainda 4 viadutos ferroviários (493 metros), 10 viadutos rodoviários e 48 pátios de cruzamento. A maior ponte será no rio Peixoto, entre Matupá e Peixoto de Azevedo, com 250 metros de extensão.

O levantamento reforça que “60% da faixa de domínio já está desmatada” e que a ferrovia ocupará apenas 0,1% da área original do Jamanxim. Para compensação ambiental, será feito o plantio de 2 mil hectares de vegetação nativa. O novo traçado foi redesenhado justamente para contornar os impasses judiciais, como a ação movida pelo PSOL no STF, que paralisou o projeto por anos alegando impactos ambientais em áreas protegidas.

Além disso, o estudo destaca os benefícios logísticos: a ferrovia tem potencial para reduzir em até 20% o custo do frete agrícola, o que representa uma economia anual de R$ 8 bilhões para os produtores. Com capacidade para movimentar até 69 milhões de toneladas por ano até 2095, cada trem da Ferrogrão — com 16,9 mil toneladas — substituirá cerca de 422 caminhões no percurso até Miritituba.

A mudança na matriz logística deve provocar uma queda de 40% nas emissões de CO₂, com redução anual estimada de 3,4 milhões de toneladas de gases poluentes.

O projeto também prevê terminais em Sinop e Miritituba, além de quatro novos portos nos rios da região Norte, nos municípios de Santarém, Barcarena, Itacoatiara e Santana (AP), reforçando a conexão ferroviária com o modal hidroviário do Arco Norte.

Segundo Quintela, o modelo de transporte não elimina o trabalho dos caminhoneiros, mas redistribui rotas. “O caminhão continua essencial para ligar as fazendas aos terminais ferroviários. Em vez de fazer longas distâncias, ele fará rotas mais curtas, como ocorre em todo o mundo”, completou.
Pensar Agro
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