“Aqui, a gente respeita e preserva a natureza para garantir a vida na cidade”. A voz da pescadora Edilúcia Alves Lopes, moradora do Distrito São Carlos, deu forma à ideia de partilha, conexão e troca de saberes que marcou ação integrada realizada por órgãos públicos, na última terça-feira (18/11), na localidade ribeirinha. O encontro aproximou instituições e comunidade, entrelaçando experiências, com prestação de atendimentos jurídicos e psicológicos, registro de demandas e disseminação de direitos.
A ação foi coordenada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), por meio do Escritório de Direitos Humanos da instituição, com a participação do Ministério Público de Rondônia (MPRO), mediante o Núcleo de Atendimento às Vítimas (Navit) e Promotoria de Justiça da Infância. Também estiveram presentes a Secretaria Municipal de Inclusão e Assistência Social (SIAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, além de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Rondônia.
O trabalho teve como dinâmica a oferta de palestras e atendimento jurídico e psicológico, associados à escuta sensível dos moradores e ao reconhecimento das particularidades da vida ribeirinha.
Durante o encontro, PRF e a Secretaria Municipal de Assistência Social realizaram palestras nas escolas do distrito, centradas nos temas bullying, violação de direitos na internet, projeção de futuro e qualificação profissional. “Esses momentos nos trazem aprendizado, mas também a chance de sermos ouvidos. Eu gosto bastante”, disse Patrícia Gabriele, de 14, anos, estudante da Escola Municipal Henrique Dias.
A ação também promoveu rodas de conversa com meninas e mulheres da comunidade e prestou atendimentos voltados à prevenção e ao enfrentamento da violência doméstica e violências contra crianças e adolescentes.
O Ministério Público atuou em casos que apresentaram indícios de violência, fazendo encaminhamentos jurídicos e adotando providências para a garantia de direitos.
“Iniciativas como esta nos permitem identificar situações de vulnerabilidade com mais precisão e garantem que direitos fundamentais não sejam violados. Quando estamos presentes, conseguimos prevenir riscos, proteger pessoas e construir relações de confiança”, afirmou a promotora de Justiça Tânia Garcia, que participou da atividade.
Como parte da mobilização, equipes do Navit-MPRO fizeram panfletagens de material informativo Núcleo de Atendimento às Vítimas, com divulgação de contatos de redes de apoio.
Em seguida, foi realizado encontro com representantes de instituições e órgãos públicos no distrito, como Polícia Militar, Polícia Civil, Unidade Básica de Saúde e escolas. Os agentes públicos apresentaram demandas relacionadas a acessibilidade, segurança pública e meio ambiente, manifestações que foram registradas, visando à adoção de medidas pertinentes.
O serviço multiprofissional do Núcleo prestou diversos atendimentos individuais na comunidade de São Carlos, que conta com uma atuação contínua dos especialistas do Navit, prestando apoio para fortalecer ações de desenvolvimento econômico e empoderamento feminino. A parceria é articulada por meio da Associação de Mulheres Ribeirinhas de São Carlos, que tem com presidente a moradora Nágila Oliveira.
Roda de Conversa
Com a proposta de construir uma relação horizontal, em que cada serviço prestado estivesse vinculado ao diálogo, foi realizado encontro com mulheres de São Carlos.
Na ocasião, a Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres coletou sugestões das participantes relacionadas à criação de uma feira de produtos extrativistas no distrito e realização de um curso de precificação, como forma de aprimorar o sistema de comercialização da produção local.
Na atividade, as moradoras expuseram desafios enfrentados em decorrência da última cheia, quando parte do distrito ficou alagada, mostrando resiliência e perspectiva de futuro.
“Acho importante termos esse momento de reflexão, de pensamos e olharmos em volta porque, apesar de todas as dificuldades, a gente sempre se reconstrói”, disse a agricultora Ludimila Valente, que, após os prejuízos causados pela enchente, comemora o cultivo de novas culturas na roça que mantém em São Carlos.
PRF
Organizador da ação, o Escritório Regional de Direitos Humanos da PRF é a unidade da Polícia Rodoviária Federal responsável por implementar, em nível regional, políticas de promoção, proteção e defesa dos direitos humanos dentro da corporação e em suas interações com a sociedade.
Conforme explicou a coordenadora, PRF Letícia Auler, sob várias temáticas, a unidade tem realizado palestras e sensibilizações, com o objetivo de prevenir e combater ilícitos, propor reflexões e contribuir com as comunidades.
“O projeto tem sido muito bem recebido, em especial pelos estudantes, para quem ofertamos palestras sobre carreiras, sonhos e aspirações. As parcerias com instituições que ofertam serviços jurídicos e de assistência social vêm da necessidade de atendermos a demandas sensíveis identificadas nesses encontros. Percebemos que a experiência tem dado certo”, afirmou.











