Jornalista é condenada a quatro anos de prisão na China por filmar início da pandemia em Wuhan

Sentença afirma que ela estava comprando briga e provocando problemas. Zhang Zhan é uma de pelo menos quatro jornalistas que desapareceram em 2020 na China depois que postaram informações que contradizem a narrativa oficial.

Em 2020, na cobertura jornalística da pandemia do coronavírus, a imprensa do mundo todo precisou trabalhar com duas linhas de atuação ao mesmo tempo. Além do dever profissional básico de buscar informações de fontes confiáveis, os jornalistas precisaram também desmentir boatos irresponsáveis, aquilo que já se tornou conhecido pelo nome inglês fake news.

Esse desafio duplo dos jornalistas foi o ano todo, em todos os países. Mas, em alguns, esse trabalho difícil e necessário foi atacado, boicotado e até criminalizado por governos autoritários. Na China, uma jornalista foi condenada a quatro anos de prisão.

Logo no começo de tudo, Zhang Zhan saiu de Xangai, onde morava, e foi para Wuhan. Lá, conseguiu registrar cenas de hospitais lotados, confusão nas ruas, e depois a cidade deserta no primeiro lockdown no lugar onde a pandemia começou. Foram meses de trabalho. Mas tudo acabou em maio, logo depois de um vídeo.

Zhang Zhan filma as ruas de um bairro onde surgiram casos de Covid-19. De repente, ela é abordada por um homem que pergunta onde ela mora e se é jornalista. E ameaça: se você postar isso na internet, vai ser responsabilizada. Dias depois, foi detida e, nesta segunda (28), condenada a quatro anos de prisão.

Mas não são só jornalistas na mira da censura. No dia 31 de dezembro de 2019, o médico chinês Li Wenliang compartilhou em um grupo de colegas um alerta sobre um vírus até então não identificado, que seria altamente contagioso. As autoridades o acusaram de espalhar boato e o obrigaram a assinar um documento em que reconhecia ter cometido uma ilegalidade. Ele morreu de Covid no dia 6 de fevereiro. Virou uma espécie de mártir, e o governo chinês teve que voltar atrás. Agradeceu e reconheceu a contribuição do médico na linha de frente do combate a pandemia.

Sobre a condenação da jornalista, o ministro das Relações Exteriores chinês disse nesta segunda que os órgãos judiciais chineses têm tratado casos consistentemente de acordo com a lei.

2020 foi o ano mais difícil para jornalistas no mundo todo. Um levantamento do Comitê para Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, mostrou que 274 foram presos por causa do trabalho, um recorde. Alvos de governos autoritários que se fortalecem tentando silenciar a voz do povo.

Zhang é hoje o rosto desses trabalhadores. Condenada por dizer coisas como a que diz em um vídeo: o jeito de administrar do governo é através de intimidação e ameaças. Essa é a tragédia do país.

Por Jornal Nacional

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